
Ao confirmar a participação do ex-comandante da Marinha Almir Garnier como incentivador da tentativa de golpe de Estado, o tenente-coronel Mauro Cid, classificou o almirante como um dos “mais radicais” entre os chefes das Forças. Segundo o ex-ajudante de ordens da Presidência, o réu teria colocado as tropas “à disposição” de Jair Bolsonaro para a tomada do poder. A declaração foi dada nesta segunda-feira (9/6), durante interrogatório na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).
Cid é o primeiro interrogado pela Corte da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado. O militar fechou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. Na audiência desta segunda-feira, ele definiu os ex-ministros Paulo Sergio Nogueira e Braga Netto como “moderados”.
Segundo Cid, após reunião em 7 de dezembro de 2022, Freire Gomes disse que estava "muito preocupado de tomarem uma atitude sem ele ser consultado para poder intervir". Nesse encontro teria sido apresentado aos chefes das Forças Armadas, pela primeira vez, um rascunho da chamada minuta golpista — documento que previa medidas extremas para anular o resultado das eleições de 2022.
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Diante do fato de Garnier ter colocado as "tropas" à disposição de Bolsonaro para o cumprimento de um eventual decreto. Diante da situação, Freire Gomes relatou ter ficado "muito chateado" com o comandante da Marinha, segundo Cid.
“O general Freire Gomes tinha ficado muito chateado, porque o almirante Garnier tinha colocado as tropas da Marinha à disposição do presidente, mas que ele só poderia fazer alguma coisa com apoio do Exército. Então, o general Freire Gomes ficou chateado de terem transferido a responsabilidade para ele", afirmou o delator.
O ex-ajudante de ordens confirmou a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os réus de tramar um golpe de Estado no país é verídica, e que ele "presenciou grande parte dos fatos, mas não participou deles". O militar também negou ter sido coagido e ressaltou que a sua delação foi voluntária.
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Interrogatórios em ordem alfabética
Mauro Cid é o primeiro a ser interrogado. Os demais réus serão ouvidos em ordem alfabética. Jair Bolsonaro será o sexto, podendo falar entre terça-feira e quarta-feira. As oitivas podem se estender até sexta-feira.